sexta-feira, outubro 20, 2006

O guardião do Barca Velha - A história do vinho - cont.

A história começa quando o enólogo da Ferreirinha descobre um método para atrasar a fermentação do mosto, para prolongar o contacto com a película das uvas, permitindo-lhe absorver mais intensamente cor, sabor e aromas. O arrefecimento foi até quase finais da década de 70 feito de forma artesanal, com gelo transportado de Matosinhos em camiões que demoravam sete horas a completar a viagem. Soares Franco entra no mundo do Barca Velha em 1979, precisamente o ano da compra da Leda, na encosta sul do Monte Calábria, e arrancou de imediato com a plantação dos primeiros 25 hectares, já com o objectivo de garantir “consistência na qualidade em anos diferentes”, explica. A par da vinha, pensa na adega. Seria construída em 2000, no correr da encosta, enterrada no monte, “para estar protegida da temperatura” e, simultaneamente, permitir a utilização da força da gravidade, desde a entrada das uvas, no plano superior, até à saída do vinho, “com ganhos de qualidade”. Combina lagares de granito tradicionais, com cubas inox suspensas para a fermentação, pisa robotizada, maceração e remontagem. Todo o processo de vinificação é controlado num centro nevrálgico, computorizado, que permite dominar a informação ao segundo.

Custou €3,75 milhões e “é fundamental no trabalho de não estragar o que a natureza oferece”, diz o enólogo. Basta meia dúzia de pessoas para fazer quase todo trabalho. Nas vindimas, o movimento aumenta, mas no resto do ano só o crescimento das uvas agita a Leda. Soares Franco gosta de passear por ali, “ouvir o silêncio”, imaginar os rótulos dos novos vinhos que nascem nas encostas da quinta.

Saudações Vinícolas

Sem comentários: